O presidente do Brasil, Luiz Inacio Lula da Silva, defendeu no sábado, em Moscou, sua presença no partido criado por Vladimir Putin para comemorar o 80º aniversário do fim da Segunda Guerra Mundial. O líder russo transformou o evento em uma demonstração de força, com inegável formato de propaganda, para justificar a invasão da Ucrânia.
Segundo Lula, as críticas à comunidade internacional, especialmente na Europa, são uma demonstração de pequenez. “A Europa deveria estar comemorando ontem [sexta-feira]. Porque quem estava em guerra era a Europa. A França deveria estar comemorando. A Alemanha deveria estar comemorando ontem porque, graças ao que aconteceu em 1945, o nazismo que assumiu a Alemanha foi derrotado. ”
Um país [União Soviética] que perderam 26 milhões de jovens na guerra, disse o presidente brasileiro, não deve ser criticado por fazer as celebrações que ele fez.
Lula também afirmou que a exploração política do evento era importante e, independentemente disso, “a posição do Brasil é muito sólida”, em referência à proposta de paz para a guerra da Ucrânia elaborada em conjunto com a China. O presidente, no entanto, contornou o fato de Putin usar o lembrete da vitória soviética em 1945 para justificar sua “operação militar especial”, o eufemismo que ele usa para a guerra que tem no país vizinho desde 2022.
Dos 30 chefes de estado e governantes convidados para o partido, Lula da Silva foi um dos poucos que foi eleito democraticamente eleito. Questionado sobre o fato, o presidente preferiu sublinhar que o discurso do Brasil sobre o conflito na Ucrânia permanece o mesmo: “Trabalhamos, queremos e torcemos para que essa guerra termine. E essa guerra só pode terminar se os dois [lados] querer. Se alguém só quiser, não terminará. ”
Ele também voltou ao final da guerra na faixa de Gaza, “um genocídio de um exército bem preparado contra mulheres e crianças sob o pretexto de matar terroristas”.
“Você pode perguntar: você já discutiu a questão da guerra da Ucrânia? Argumentei antes, durante e depois. Porque dissemos ao presidente Putin o que estamos dizendo desde a posição do Brasil contra a ocupação territorial de outro país”, disse Lula.
Na quinta -feira, pouco antes de um jantar no Kremlin, Lula ganhou uma projeção internacional com a publicação de uma entrevista na revista americana nova iorquino. “Liguei para Putin e disse: ‘Putin, acho que é hora de você voltar à política. Coloque isso. O mundo precisa de política, não de guerra. Você sente falta.’
No dia seguinte, o presidente assistiu a desfile militar tradicional na praça vermelha que trouxe, entre veículos da Segunda Guerra Mundial, drones que foram lançados em Kiev.
Quando Lula conversou com jornalistas, a imprensa européia informou que os principais líderes europeus fizeram uma visita surpresa à capital ucraniana. O francês Emmanuel Macron, o alemão Friedrich Merz-no seu quinto dia como Donald Tusk, do Chanceler-Polish, e o britânico Keir Strmer apresentaram um plano de cessar-fogo incondicional de 30 dias com início imediato na segunda-feira.
Na reunião, também foi ameaça de mais sanções econômicas para a Rússia, algo que o Kremlin classificou o confronto.
O esforço diplomático também contou com a presença de Donald Trump por telefone durante uma reunião de grupo com o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky.
Lula já recebeu alguns convites de Zelensky para ir a Kiev, o último deles na semana passada, quando o embaixador da Ucrânia no Brasil sugeriu ao presidente brasileiro que aproveite a viagem à Rússia para fazer uma escala na capital ucraniana. Por enquanto, está na China, onde será recebido em uma visita oficial por Xi Jinping na segunda -feira e na terça -feira.
Exclusivo público/Folha por S. Paulo